A atividade integrou o maior congresso de Dermatologia do Brasil que vai acontecer de 7 a 10 de setembro, em Costa do Sauípe

 

Você já se queimou com água viva ou caravela? Pisou num ouriço do mar? Essas e outras questões foram discutidas durante toda a quinta-feira (18.05), nas colônias de pescadores de Arembepe (Z-14) e Itapuã (Z-6). Quase 100 pescadores e marisqueiras foram orientados sobre o que fazer nesses e em outros casos e tiraram suas dúvidas.

As palestras foram ministradas pelo especialista Dr. Vidal Haddad Junior e autor da cartilha “História de Pescador: acidentes com animais marinhos”. Ele é dermatologista, professor e pesquisador da Faculdade de Medicina da UNESP e responsável pelo projeto “Pescadores do Brasil”.

Para o professor, o evento serve para que seja explicada a parte que não é hospitalar, especializada, e não precisa ser feita com orientação médica. “Trago o que se faz na hora. Esses acidentes são dolorosos, alguns até insuportáveis. Eu trago métodos sem necessidade de orientação médica para evitar infecção, ou tirar a dor com acidentes de peixe”, concluiu.

Entre os principais desafios para pescadores e marisqueiras estão o acidente por bagre marinho, cujos ferrões são serrilhados e de difícil extração e os acidentes provocados por arraias. Apesar de mais raras, são mais graves. A dor é violenta e as feridas na pele, mais comuns. “Todo acidente por peixe venenoso deve ter o local atingido imerso em água quente, mas tolerável, por 30 a 90 minutos, pois o veneno dos peixes degenera no calor e a dor diminui. Existem complicações como pedaços de ferrão nos ferimentos e infecções”, explicou o especialista.

Já os acidentes causados por águas vivas e caravelas provocam dor e linhas avermelhadas ou marcas redondas no local do contato. “No momento do acidente é útil o emprego de compressas de água do mar gelada ou gel gelado (gelox) envolto por um pano e banhos de vinagre no local atingido para controle da dor e inativação do veneno. “Se a dor continuar ou aparecer batedeira e falta de ar, procure auxílio médico”, completou o professor.

Para a marisqueira Ednalva Maria de Souza, 53 anos, a palestra foi muito importante. “Muitos peixes que eu vi aqui, como bagre e baiacu, eu não sabia que tinham tanto veneno”, disse ela, que atua na atividade desde os 7 anos.

O presidente da colônia de pescadores de Arembepe, Manoel de Brito, disse que a palestra esclareceu muito as dúvidas dos pescadores. “Sobre o niquim, por exemplo, que encontramos constantemente, o professor explicou como ter o alívio imediato”.

A iniciativa já foi realizada em várias colônias de pescadores em diversos locais do país.